"Bota a cara pra morrer"
TRATRATRATRAAAAAAA TRATRATAAAATRAAAAAA Rajadas de tiros. Mais tiros... Muitos... Cruzavam riscos vermelhos de um lado para o outro. No dia seguinte o mais do mesmo. Outro corpo jogado no lixo da descida da ladeira. Às vezes não tinha corpo. Eram pedaços, partes disformes que poderiam ser braços e pernas. Lembro do homem, meio roxo, meio preto, sem cabeça. Uma desova feita pela madrugada e exposta em plena luz do dia. Já não me chocava. Antes eu olhava com curiosidade misturada com medo. Depois passava tranquilamente apenas evitando aquele lado direito da rua quando descia para ir à escola. Antes eu achava que eram bandidos. Diziam que era guerra entre facções e que os caras do outro morro tinham tentado invadir. Se deram mal. Só vim a entender o que acontecia ali depois que sai de lá e vim morar perto de outro morro. Um pouquinho mais afastada com o status agora de quem não tá no pé da favela. O distanciamento da violência sentida nos ouvidos com o pi