Um novo olhar


  Antes de realizar essa disciplina, meu único contato com temas Decoloniais e Epistemologias do Sul tinha sido em alguns debates em uma aula de outra disciplina do Mestrado. Daquele dia em diante, eu tive curiosidade de saber mais sobre o assunto o que me levou a participar destas aulas. Posso dizer que depois de ter feito essa disciplina tenho um novo olhar, agora mais crítico, sobre a ciência e seu ensino.
  As leituras de autores como Boaventura Souza, Catherine Walsh, Maria Paula Menezes, entre outros, me trouxeram uma nova visão sobre o que fazemos enquanto professores e o quanto estamos selecionando saberes que interessam apenas para alguns grupos da população, privilegiando conhecimentos advindos de povos hegemônicos e europeus, e que a longo prazo, nos fazem perder nossa própria identidade de brasileiros e latino americanos.
  As colonialidades do poder, do saber e do ser, foram conceitos muito importantes desses encontros e me fizerem refletir sobre minhas concepções pedagógicas e humanas. Os vários momentos ricos em discussão que tivemos nesses encontros, me fizeram sair de dentro de uma zona de conforto e pensar em quantas vezes, eu mesmo como professor de matemática, fui injusto e deixei de valorizar conhecimentos importantes que temos aqui no Sul. Ou ainda, não percebi como nossos currículos podem estar silenciando pessoas que não pertencem aos grupos que por ele são privilegiados.
  Tentei buscar referências de como um professor de matemática pode agir nesses momentos e é claro que ainda tenho mais perguntas do que respostas, mas hoje, faço perguntas mais críticas e com propriedade. Autores que abordam a Etnomatemática como Ubiratan D'ambrósio e Paulus Gerdes, trazem grandes contribuições sobre novas práticas e perspectivas que podem ser trabalhadas em aulas de matemática, com objetivo de valorizar saberes locais e que fogem dos conteúdos ditos tradicionais e clássicos da escola. Penso que ler mais sobre eles, bem como os outros autores vistos nessa disciplina, é um primeiro passo para se tornar um professor de matemática com uma visão Decolonial, embora tenho certeza que o caminho para isso ainda é longo.
  Deixo aqui meu agradecimento ao Prof Irlan e a Profª Tatiana, por cederem seu tempo para nos proporcionar estes momentos de aprendizado. Mesmo que minha pesquisa de mestrado não toque nessa temática, tenho certeza que agora olho para as coisas de uma forma diferente. Pretendo continuar com leituras paralelas sobre o tema, pois acredito que esses debates nos tornam profissionais e seres humanos mais justos.


EDUARDO SABEL
13/07/2019

Comentários

  1. Eduardo querido. Eu que te agradeço por ter se permitido fazer a disciplina e ter trazido o olhar da Matemática para nossas discussões. Torço pra que você siga as leituras e, se possível, trocarmos mais ideias no futuro. Beijão

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