Da resistência à gratidão

Escrevo esse texto dentro do avião de volta para o Rio. Foram 12 dias em Florianópolis em intensa convivência com mestrandos e doutorandos (atuais e futuros) do PPGECT da UFSC em uma disciplina condensada. Fomos um grupo de 17 pessoas interessadas em aprender sobre estudos decoloniais. Para mim foi mais do que trabalho a cumprir no período de pós doutorado porque estar naquela cidade mexe comigo, me traz memórias nem sempre agradáveis e proporciona (re)encontros cheios de afeto. 
No início estava bastante resistente à ideia de estudar decolonialidade. Irlan me convenceu, disse que esse tempo de pausa para o estudo inclui conhecer teorias novas. Então, dei início às leituras de Quijano, Catherine Walsh, Maria Paula Meneses, Boaventura Souza, Maldonado-Torres... Fui de "peito aberto" para os textos não buscando necessariamente concordar ou discordar, mas sim olhar para algo novo e tentar apreender o que fosse. Fiquei um pouco ansiosa por ter que falar sobre algo tão novo pra mim. Estava insegura com esse retorno ao programa de pós-graduação no qual me doutorei, agora como professora responsável por uma disciplina. 
Irlan foi parceiro e todos os que estiveram conosco foram muito receptivos. Meu jeito carioca expansivo de ser nem sempre é bem visto no sul brasileiro. Mas estávamos ali, reconhecendo-nos todos como um Sul só, um Sul Global colonizado, explorado, subalternizado desde a farsa da descoberta pelos europeus. Creio,verdadeiramente, que nossos dias foram de auto conhecimento como mulheres, homens, professores e professoras, brancos e pretas, enfim, gentes. 
Estou voltando profundamente renovada e agradeço a cada abraço carinhoso que recebi ontem. Vocês serão inesquecíveis. Sinto-me grata ao universo pelo tempo em que estivemos juntos.

Tatiana Galieta
Espaço aéreo entre Flp-Gig
08/06/2019

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